Santa maria

Casa de Saúde volta a fazer partos, mas só tem um pediatra

Thays Ceretta

Fotos: Lucas Amorelli (Diário)
Com medo e por saber da situação da Casa de Saúde, logo que estourou a bolsa Priscilla procurou o Husm para ganhar o Benício

Reaberta há 17 dias, a maternidade do Hospital Casa de Saúde continua enfrentando desafios. Depois de ficar quatro meses fechada por falta de pagamento aos médicos, a direção do hospital e os ginecologistas e obstetras entraram em acordo para que o setor voltasse a receber gestantes e a fazer partos. E foi o que aconteceu. Porém, a reabertura da maternidade revelou outro problema na Casa de Saúde: a falta de pediatras.  

Situação que a recepcionista Priscilla Bembom Oliveira, 26 anos, enfrentou no último domingo. Mesmo não tendo uma gravidez de risco, mas com medo de ter o seu bebê na Casa de Saúde por conta da escassez de pediatras, ela foi orientada a fazer o parto no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm).

_ O meu médico ginecologista e obstetra falou que eu evitasse de ir lá na Casa de Saúde porque tinham chegado informações até ele de que lá não teria médico pediatra. Ele tinha medo de que eu não fosse bem atendida. Daí, eu senti as dores e fui direto para o Husm. Fui super bem atendida pela equipe. Pelos corredores, o assunto era esse, a falta de pediatra na Casa de Saúde _ contou Priscilla .

O Diário apurou que a falta de pediatras é uma dificuldade que o hospital enfrenta há bastante tempo. Quando a maternidade fechou, em 1º de novembro, havia três médicos trabalhando com o contrato de sobreaviso. Mas, desde que o setor retomou as atividades, apenas um pediatra estaria atuando e este profisisonal trabalharia em outros locais. Sem pediatra, não é permitido o nascimento de bebês no hospital.

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Segundo o médico Márcio Saciloto, que é cirurgião-ginecologista e faz parte da direção clínica da Casa de Saúde, o hospital conta, sim, com apenas um pediatra. Ele contou à reportagem que ficou sabendo, por familiares de pacientes da Casa de Saúde, que algumas gestantes foram transferidas para o Husm no domingo por não ter pediatra na Casa de Saúde naquele dia. Conforme o médico, a direção está preocupada com essa situação porque não é permitido fazer partos sem pediatra. O ideial é que houvesse mais três profisisonais para suprir a demanda.

_ De momento, eu estou sabendo que reabriu a maternidade com um pediatra e que, obviamente, ele não está conseguindo dar conta, até porque ele tem outros compromissos. Eu preciso saber exatamente como está a situação. Quando fechou a maternidade, eram três pediatras, e, quando reabriu, só um ficou trabalhando, mas estão tentando negociar com outros médicos _ declarou Saciloto.

Nadir Cipriani, 69 anos, médico pediatra (neonatologista) que atuou na Casa de Saúde por mais de 30 anos, afirma ter saído do quadro de funcionários em novembro do ano passado, quando a maternidade fechou. Segundo ele, o contrato sempre foi de sobreaviso.

_ Eu saí porque já está na hora de parar. Depois de 30 anos, eu cansei. Já sou aposentado, tenho o consultório particular e atendo em hospitais. Quando deixei de trabalhar, faltava a direção acertar o salário de seis meses que trabalhei. Mas estão regularizando, me ligaram duas, três vezes dizendo que vão acertar. Lá sempre teve pouco pediatra _ relatou Cipriani.

A reportagem entrou em contato com o único médico que estaria trabalhando no hospital. Lauro Cipriani preferiu não se manifestar sobre o assunto, apenas admitiu que é pediatra e que trabalha no local.

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O delegado da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ªCRS), Roberto Schorn, ficou sabendo da situação da Casa de Saúde e, hoje, deve ir ao hospital para conversar com a direção sobre a escassez de pediatras.

_ Oficialmente, ninguém me comunicou nada. Fiquei sabendo por terceiros que, no domingo à tarde, faltou pediatra. Vou me interar do assunto. Uns me disseram que a Casa de Saúde encaminhou, outros falaram que as gestantes foram direto para lá (para o Husm). Eles têm que nos prestar contas, e, cada vez que eles cometerem falhas desse tipo, vão ser penalizados de acordo com o contrato que existe _ diz Schorn.

Ainda conforme o coordenador, o Cadastro Nacional do Estabelecimento de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, indica que a Casa de Saúde deveria ter, no mínimo, quatro médicos pediatras contratados.

O administrador do hospital, Rogério Carvalho, admite que o problema começou desde a reabertura da maternidade, no dia 5 de março, mas garante que a situação será resolvida ainda nesta semana. Segundo ele, em novembro, eram três profissionais que prestavam o serviço, e é essa mesma equipe que estaria atuando agora, porém, existem outros pediatras que trabalham esporadicamente na Casa de Saúde. A situação estaria resolvida antes quando a maternidade fosse reaberta, mas não foi isso que aconteceu.

_ A gente segue com problema, mas a equipe está em reestruturação. Mesmo assim, estamos garantindo o atendimeno para as pacientes (gestantes). Hoje, são três (pediatras), mas, dependendo, pode ficar nenhum. No domingo, a Casa de Saúde ficou no máximo quatro horas sem pediatra. E, se não tiver (pediatra), a gente não vai atender, não existe essa possibilidade. Estamos conversando com pediatras novos, que não são daqui, para ajudar a fechar as escalas. Eu posso fechar o time com três pediatras porque o plantão não é presencial, mas quatro seria melhor ainda _ explicou Carvalho.

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HUSM ABSORVE A DEMANDA
Mais uma vez, o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) abraçou o problema originado na Casa de Saúde. No último domingo, à tarde e à noite, partos foram realizados a mais no Husm em função da falta de pediatra na Casa de Saúde. Conforme a enfermeira e chefe da Unidade de Atenção à Saúde da Mulher no Husm, Berenice Rodrigues, a orientação é que as gestantes procurem, primeiramente, a Casa de Saúde, porque o Husm é referência para partos de alto risco.

_ Não contabilizamos o número dos partos, mas, na segunda-feira, o Centro Obstétrico amanheceu cheio, com leitos extras. Tivemos que nos organizar para atender as gestantes. Eu conversei com a equipe de enfermagem de lá (da Casa de Saúde), e eles afirmaram que não havia pediatra, e todas (as gestantes) foram para o Husm. Se acontecer de não ter pediatra disponível, as mães podem ser avaliadas e, daí, encaminhadas para nós. Mas a orientação é não procurar primeiro o Husm. A situação foi normalizada na segunda-feira de manhã cedo _ ponderou Berenice.

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